quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Em todo canto tem violência

"Num país justo, a miséria é uma vergonha. Num país injusto, a riqueza é uma vergonha." Foi assim, através de uma citação de Confúcio, que José Padilha, diretor do polêmico filme Tropa de Elite, se pronunciou num evento promovido por um grande jornal. As palavras do cineasta, de 40 anos, que também é conhecido por dirigir o famoso documentário “Ônibus 174”, têm provocado o surgimento de opiniões divergentes a respeito da violência e segurança no Brasil.

Não é preciso ser diretor, nem cineasta para colocar em pauta assuntos tão polêmicos. Qualquer um está sujeito a sofrer algum tipo de violência. Segundo a estudante, Luciana Santos, o que gera a violência, que é a pobreza, está em todo lugar. “Não é pelo fato de morar Brasília, no plano piloto, que a cidade escapa das desigualdades”.

A estudante, que almeja passar no curso de psicologia da Universidade de Brasília, conta que se sente bastante apreensiva com a situação da segurança. Mesmo estando dedicada a seus estudos, ela se considera uma cidadã bastante antenada “Até mesmo porque o vestibular exige, não é?”, conta. Luciana é bastante comunicativa, fala muito e entre uma palavra e outra deixou escapar sua indignação com a questão da segurança pública e privada. Ela diz já ter sido assaltada junto a família dentro da própria casa. “Para ser mais exata, o assalto ocorreu em 2003, eu estava em casa com meus pais, minha irmã, meu primo e uma tia, num almoço comemorativo. Estávamos na sala quando dois homens chamaram por alguém no portão. Meu pai saiu para ver quem era e então eles o abordaram com uma arma. Os assaltantes foram logo entrando e nos trancaram dentro do banheiro. Ligaram o som da sala muito alto, para que não nos déssemos conta do que se passava. Eles fizeram a limpa dentro da casa, levaram tudo: jóias, videogame, dvd, celular, som”, contou quase sem fôlego. Luciana ainda complementou dizendo que só saíram de lá quando uma vizinha resolveu procurá-los.

Mesmo sendo um tanto quanto jovem, Luciana, conta que cresceu ouvindo aquela frase clichê “As crianças de hoje são o futuro de amanhã”, por isso julga importante essa questão da segurança. “Mesmo chamando a polícia e fazendo um boletim de ocorrência, como sempre, nada foi resolvido”.

O governo é o grande responsável por tudo? Também não é assim. Não se pode sair por aí falando que a culpa de tudo de ruim que acontece é do governo, dos representantes do povo. Fácil é criticar, mas ter atitudes que promovam mudanças não é tão simples assim. Para começar, é o povo quem elege seus políticos.

É realmente inevitável não reclamar. “Pagamos nossas contas, cumprimos com os deveres de cidadãos e ainda temos que bancar uma segurança privada que teoricamente seria dever do Estado”. Luciana diz que se sente muito susceptível depois do ocorrido. Não chegou a desenvolver uma síndrome do pânico, comum em muitas pessoas que passam por esse tipo de situação, mas diz que se sente vulnerável a sociedade.

Questionada sobre a raiz do problema, ela diz que sem sombra de dúvidas é a educação. “Na minha opinião, segurança pública tem a ver com educação. Tudo parte desta questão, se uma pessoa passa roubar ou cometer crimes, é porque ela com certeza não teve oportunidades na vida. Não digo que isso justifica as suas atitudes, pelo contrário, mas educação é essencial dentro de uma sociedade, tudo parte dela”.

Se o problema está na educação, mas reflete em toda a sociedade, ele é ainda maior. Se o descaso faz com que muitos façam vista grossa para isso, aonde vamos chegar? Se não são tomadas providências para que o problema seja resolvido, como queremos uma sociedade melhor? Se não começarmos a pensar nisso desde já, quando o fizermos, poderá ser tarde.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O mundo moderno – uma pitada de conselho

O mundo atual muitas vezes nos impõe determinadas ações, acompanhadas de decisões. Porém não se pode assumir aquilo que é considerado novidade, sem antes conhecer e compreender o antigo.

O novo é tão difícil de ser aceito, pois como o próprio nome diz refere-se a algo inovador. Talvez seja por abalar estruturas que nem se quer foram consolidadas. Um exemplo interessante é o surgimento do metrossexual, ou seja, aquele homem moderno que não deixa de se cuidar e assumir sua vaidade. Para alguns não passa de uma atitude fútil, enquanto outros levam a sério. Uma coisa é certa, a humanidade, as tecnologias, os meios de transportes, as mulheres evoluíram e por que não os homens? Tudo passa por um processo de mudança, que por sua vez tende a acompanhar o cotidiano. Antigamente não havia o hábito do homem se cuidar e procurar tratamentos estéticos. Seja pelo aspecto físico ou até mesmo pelo bem estar, com o tempo esse comportamento vem ganhando espaço entre alguns.

Nenhum homem pode tomar para si uma atitude proposta pelo mundo contemporâneo, se esse não tem consciência de suas origens. É natural que antes de tomar qualquer decisão tenha-se como objetivo saber, além das futuras conseqüências, o que precede tal atitude, bem como compreendê-la e entendê-la. Somente assim é possível ter consciência do que e porque se decidiu desse ou daquele jeito.

Contudo, são poucos os que conseguem visualizar essa questão como um todo, procurando extrair o melhor e aprender com possíveis falhas. Além de aceitar as diferenças e opções de cada um.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Arte de congelar as imagens

Tirar uma foto não é simplesmente pegar uma câmera, olhar para a tela – no caso das mais modernas – e apertar o botão. Fotografia é muito mais que só uma imagem, na maioria das vezes, ela vem acompanhada de uma mensagem. Seja qual for, o fotógrafo tinha em mente algo, quando resolveu capturar aquela imagem.

A origem da palavra fotografia é grega, significa desenhar com a luz ou representar por meio de linhas. Existe todo um conjunto de técnicas que são aplicadas para que se consiga bater uma boa foto. Mas também, não dá para dizer que é só técnica. Há aquilo que conhecemos como feeling. Tem que haver, digamos, um dom, uma sensibilidade aguçada para perceber certas coisas. Tudo influência nesse caso: iluminação, ambiente, clima, modelo, acessórios, maquiagem e até mesmo o fotógrafo.

Para quem se interessa pelo assunto, a Fundação Conrado Wessel, realizou e concedeu o “Prêmio FCW de Arte em 2006”, cuja exposição acontece no Museu Nacional, em Brasília. O prêmio às fotografias foi atribuído ao pioneiro da indústria fotográfica no Brasil, Ubaldo Augusto Conrado Wessel.

Apaixonado por fotografia, Conrado criou a primeira fábrica brasileira de papel fotográfico. Mesmo com a forte influência da concorrência, ele conseguiu conquistar o marcado nacional e formar um patrimônio, que segundo seus desejos foi utilizado como base para criar uma fundação que apoiasse atividades educativas e culturais. Com isso, surgiu também a idéia de valorizar a arte, a ciência e a cultura através de prêmios.

Apesar do desconhecimento de muitas pessoas, a Fundação Conrado Wessel (FCW) teve sua patente cedida à uma empresa norte americana, mediante um acordo entre os sócios que pretendiam criar uma nova fábrica em Santo Amaro. A partir daí, surgiu o nome Kodak – Wessel, que contava com a participação nos lucros da FCW, porém, no ano de 1954 a patente passou a ser definitiva da Kodak.

A exposição de fotografias promovida pela Fundação, conta com obras de renomados fotógrafos, entre eles Tiago Santana, cearense de Crato, é um dos mais brilhantes fotógrafos da nova geração e, desde 1989, desenvolve ensaios sobre o nordeste brasileiro, como em Benditos, um grande livro de sua autoria. Tiago é o tipo de profissional que nos faz levar uma foto mais a sério, olhar cada detalhe e soltar a imaginação, por mais que ele já tenha feito isso ao bater a foto.


O trio composto pelos mineiros João Castilho, Pedro David e Pedro Motta expõem sua obra conhecida como Paisagem Submersa. No caso da fotografia abaixo, a idéia do ensaio foi perguntar às pessoas o que elas levariam consigo na mudança, já que algumas das comunidades foram atingidas pelas usinas hidrelétricas. É incrível como cada detalhe faz a diferença. Na outra, a sensação é de liberdade, movimento, grandeza.

Todas as fotos são de muito bom gosto, afinal não foi a toa que foram premiadas. Vale a pena conferir.

Para maiores informações: procurar o Museu da República, ao lado da Catedral.


- É incontestável que a arte deve conter valor social; como poderoso meio de comunicação que é, deve ser dirigida e em termos compreensíveis à percepção humana. -

Rockwell Kent